• Nesse dia 5 de outubro, data escolhida por diversas entidades para ser um dia de luta contra a ocupação militar do Haiti, centenas de organizações de quarenta países diferentes e três ganhadores do Premio Nobel da Paz divulgaram uma carta aberta à ONU em que exigem a imediata retirada das tropas do país caribenho. No Brasil, a CSP-Conlutas e o PSTU estão entre as entidades signatárias. No próximo dia 15 de outubro expira o mandato da Minustah, a ‘missão de Paz’ da ONU no Haiti.
Encabeçada pelo Nobel argentino Adolfo Pérez Esquivel, a carta é endereçada ao Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, mas também ao dirigente da OEA, José Miguel Insulza e aos mandatários dos países que mantém tropas no Haiti. Os outros prêmios Nobel que estão à frente da mensagem são as britânicas Mariead Corrigan e Betty Williams.
A mensagem exige o fim imediato da ocupação militar e a sua substituição por um “plano de cooperação solidária”. Segundo a carta, “durante anos a intervenção de tropas estrangeiras, sejam dos Estados Unidos, França, outras forças ou agora a Minustah, não melhoraram a vida do povo haitiano. Ao contrário, sua presença atenta contra a soberania e dignidade desse povo e asseguram um processo de recolonização econômica dirigida, agora, por um virtual governo paralelo – a Comissão Interina de Reconstrução do Haiti – cujos planos respondem mais aos credores e empresários que aos direitos dos e para os haitianos” .
Escândalos e violações
A ocupação militar, que está desde 2004 no país, é cada vez mais fortemente combatida em todo o mundo, à medida em que uma série de abusos e violações contra a população haitiana pelas tropas vão se tornando públicos. O rechaço à presença das tropas cresceu ainda mais com a divulgação das imagens de um jovem haitiano sendo estuprado por 4 militares uruguaios na base da ONU de Port-Salut, sul do Haiti.
Apesar de esse caso ter ganhado repercussão internacional por conta das fortes imagens, a Minustah conta com longo histórico de abusos contra a população, desde o seu início. Denúncias que vão da contaminação por Cólera causada por uma base nepalesa da ONU, que custou milhares de vida, à assassinatos, estupros e humilhações.
Papel do Brasil
Documentos revelados recentemente pelo WikiLeaks comprovam a intermediação dos EUA para o Brasil assumir o comando da missão, bem antes da votação da ONU, ou mesmo da deposição do então presidente Jean Aristides. Ao se submeter a esse papel, o Brasil do então governo Lula aceitou ser uma peça para a estabilização da região, subordinada aos interesses dos EUA. Na prática, isso significa reprimir a população para garantir o pleno funcionamento das transnacionais no país, principalmente do setor têxtil.
Tal orientação vem sendo seguida pelo governo Dilma. Recentemente, o atual Ministro da Defesa, Celso Amorim, concedeu entrevista pouco antes de assumir o posto, em que defende a retirada das tropas. Mas até agora, o governo não anunciou qualquer intenção de se retirar do país caribenho.
A missão da ONU conta hoje com 7.803 militares de 19 países e 2.136 policiais de 41 países. O Brasil conta com 1280 soldados.
Fonte: http://pstu.org.br/internacional_materia.asp?id=13485&ida=0
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