terça-feira, 30 de agosto de 2011

Violência e ameaças aumentam a indignação dos acampados no INCRA do Maranhão



 
Três fatos ocorridos nas últimas horas aumentaram a indignação dos quilombolas, índios e sem-terra acampados no INCRA do Maranhão, desde o dia 25 de agosto. Enquanto eles estão em São Luís - para exigir reformar agrária e denunciar as ameaças e mortes por conta de conflitos agrários - novos casos de violência estão ocorrendo, a cada instante, no interior do estado.
 
Ontem (sábado, 27/08) foram dados uma série de disparos contra a casa do quilombola Zé da Cruz, morador da comunidade Salgado, no município de Pirapemas. A vítima vem sendo ameaçada por um latifundiário da região há bastante tempo. Por conta disso, um capataz prometeu ir a casa dele para “matar primeiro os porcos, depois o dono dos porcos”. Ontem à tarde a primeira parte da promessa foi cumprida, com os porcos da casa de Zé da Cruz sendo mortos a tiros.
 
Trata-se de mais uma tentativa de intimidação. Segundo as organizações sociais que acompanham o caso, o problema está relacionado com uma área onde quilombolas vivem desde o século XIX e hoje disputam 1089 hectares com a família de Moises Sotero dos Reis, aliado e protegido de Roseana e do líder do seu governo na Assembléia, o deputado estadual Manoel Ribeiro (PTB-MA).
 
O segundo caso que agitou nas últimas horas os acampados no INCRA foi à notícia de que, neste momento, existem índios Awá Guajána região de Bom Jardim, que estão correndo risco de morte por conta da ação de madeireiros. O problema está ocorrendo porque uma força tarefa do Governo Federal (envolvendo IBAMA, FUNAI, Policia Rodoviária e Policia Federal) prendeu alguns desses exploradores da madeira. Como retaliação os madeireiros na região, acostumados a agir com a complacência do Estado, contrataram pistoleiros para matar os índios.
 
 E finalmente, para completar o fim de semana, na região Tocantina, a qualquer momento, a Polícia Militar do Estado poderá fazer um despejo no acampamento Salete Moreno, no município de Ribamar Fiquene, deixando várias famílias com crianças e idosos jogados na beira da estrada. Lá é um dos muitos locais do Maranhão onde o clima é muito tenso por conta do conflito de terra. Além da PM, é comum e constante a presença dos pistoleiros que cercam e disparam tiros para intimidar os sem terra.
 
Todas estas notícias terminam por acirrar ainda mais os ânimos dos acampados no INCRA do Maranhão que aguardam, nesta semana, a vinda do Ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, para tratar dos sérios problemas relativos a conflitos e a luta pela terra no estado.
 
Os acampados também querem respostas concretas da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, Maria do Rosário. Em junho passado ela esteve no Maranhão, em reunião com os quilombolas, mas até hoje nada foi feito de concreto. Ficou tudo no discurso. Casos como o de Pirapemas e do acampamento Salete Moreno, estão na longa relação dos quase cem ameaçados, que foi entregue este ano aos governos federal e estadual. Eles constam, também, no Caderno de Conflitos no Campo publicado recentemente pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). 
 

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Estudantes denunciam caso de preconceito sociorracial na UFMA

Outra denúncia de racismo atinge a Universidade Federal do Maranhão


Estudantes do primeiro período do curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão (Ufma) denunciaram ontem ao Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) da universidade um caso de suposto preconceito sociorracial, que teria sido praticado na instituição. Os alunos afirmam que o professor Alonso Reis Siqueira Freire, que ministrou, no primeiro semestre, a disciplina Introdução ao Estudo do Direito, praticou segregação dos alunos com maior poder aquisitivo brancos dos mais carentes e negros. No início de julho, o aluno nigeriano Nuhu Ayuba, de 21 anos, denunciou por racismo o professor José Cloves Verde Saraiva, 57, do curso de Engenharia Química da Ufma. A denúncia foi publicada em primeira mão pelo Jornal Pequeno e repercutiu nacionalmente. O professor Cloves se retratou. 
Preconceito – Um aluno do curso de Direito da Ufma – que preferiu não se identificar, com medo de represálias – afirmou à reportagem do JP que o professor Alonso Freire praticava preconceito na metodologia utilizada em sala de aula. Ele contou que 13 alunos do turno matutino ficaram reprovados na disciplina ministrada pelo professor acusado e 35 do turno da noite desistiram ou reprovaram.
“A disciplina Introdução ao Estudo do Direito é pré-requisito para outras matérias do segundo semestre. Todos os que ficaram reprovados ou são pobres ou são pobres e negros. Acreditamos que existe sim um preconceito mascarado nas atitudes do professor, uma vez que ele disse em sala de aula que a Ufma não sabe fazer a seleção dos alunos, e ele, enquanto professor, iria fazer a triagem dos melhores”, afirmou o estudante.
A reportagem do JP conversou com outros calouros do curso de Direito e eles afirmaram ter presenciado vários indícios de preconceito durante as aulas. Um deles contou que um colega de turma, que é negro, teve um grave problema de saúde e apresentou atestado médico pedindo prova de segunda chamada, mas o professor negou o pedido, sendo que concedeu prova de segunda chamada a outros alunos que viajaram a passeio para outros países.
“Então, como nós não possuímos poder aquisitivo para viajar para a Europa não temos o direito de fazer uma segunda prova? E o motivo do aluno era doença. Ele nos pressiona a desistir do curso nos reprovando, sabendo que é quase impossível continuar na universidade sem a conclusão da cadeira”, afirmou o estudante.
Os alunos afirmaram que o professor Freire protelou o fim da disciplina até o dia 2 deste mês, sendo que o período de matrícula encerrou no dia 31 do mês passado. Segundo os estudantes, o professor atrasou o fim da cadeira para que os alunos ficassem reprovados e não conseguissem se matricular para o próximo semestre.
Os calouros contaram ainda que o professor escolhia sempre alunos brancos para explicar questões levantadas durante as discussões em sala de aula valendo 2,5 pontos.
Segundo os estudantes, se um negro ou desfavorecido socialmente se manifestasse para responder, mesmo respondendo de forma correta a questão, não obtinha os 2,5 pontos.
Uma estudante contou que numa prova oral, com duas questões, cada uma valendo cinco pontos, ela respondeu corretamente às duas questões, mas ele fez outras perguntas até que ela errasse.
“Eu sou mais uma das que ele marcou desde o início do período. Além de ser pobre, não concordei com algumas teses defendidas por ele em sala; por isso, fui perseguida pelo professor”, contou a estudante.
Ideias nazistas – O professor Alonso Reis, também foi acusado pelos alunos de defender ideias associadas ao nazismo. “Em uma aula ele falou que infelizmente no nosso país, diferentemente de outros, não temos a liberdade de dizer que temos preconceito contra negro, judeu, homossexual. Ele disse que preconceito contra judeu até podemos ter, matar é que é o problema”, afirmou um dos estudantes.
Os estudantes informaram que havia em torno de 100 alunos matriculados na disciplina de Introdução ao Estudo do Direito. Destes, 47 reprovaram e 90 por cento dos reprovados eram estudantes negros.
Um dos alunos que ficou reprovado na disciplina afirmou que não vai desistir. “O curso de Direito sempre foi um sonho, e não é por causa de pessoas assim, como o professor Freire, que vou desistir. Pretendo cumprir meu papel social, agora enquanto estudante, e no futuro como bacharel em Direito”, disse o calouro.
Os alunos do primeiro período do curso de Direito da Ufma já entraram com uma ação anônima no Ministério Público Federal (MPF) contra o professor Alonso Reis. “Temos muito medo do que pode acontecer. Ainda vivemos num Maranhão oligárquico comandados por quem tem influência política. Sabemos que essa denúncia pode acabar com carreiras que ainda nem começamos a construir, principalmente porque o professor Freire é irmão do coordenador do curso de Direito da Ufma, Alexandre Reis Siqueira Freire, e parente do senador Mauro Fecury”, declarou um estudante.
Após a reunião realizada ontem pela manhã com os estudantes do curso de Direito, a coordenação do Neab informou que vai apurar e esclarecer as denúncias apresentadas pelos alunos.
Outro lado – O professor Alonso Reis foi procurado ontem pela manhã pela reportagem do JP na Coordenação do curso de Direito da Ufma, mas não foi encontrado.

POR SAMANTHA FERNANDES
Especial para o JP

sábado, 13 de agosto de 2011

Reunião do Quilombo Raça e Classe

O QUILOMBO RAÇA E CLASSE MARANHÃO, convida todas e todos a participarem da sua  2º reunião que vai ocorrer no dia 15 de agosto (segunda feira) com início as 19 horas no Sindicato dos Bancários... 
com a seguinte sugestão de pauta: 

1. INFORMES; 

2.  LEITURA E DISCUSSÃO DE TEXTO; 
3. ORGANIZATIVO (JORNAL, CAMISAS, FINANÇAS, ETC...); 
4. JORNADA DE LUTAS DE AGOSTO; 
5. PREPARATIVO PRÉVIO DO PRIMEIRO ENCONTRO DE NEGRAS E NEGROS DO NORTE-NORDESTE DA CSP-CONLUTAS EM SÃO LUÍS NO MÊS DE NOVEMBRO.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

VEJA NA SEÇÃO DE VÍDEOS

VÍDEO COM DEPOIMENTOS DE QUILOMBOLAS - INCLUSIVE DO MARANHÃO - AMEAÇADOS DE MORTE PELO LATIFÚNDIO

Coordenação Nacional: "Opressões e sua re lação com a luta dos trabalhadores" são debatidos no segundo dia.



O segundo dia da reunião da Coordenação Nacional, realizada neste sábado (6), foi dedicado a discussão sobre o machismo, o racismo, a homofobia e suas relações com a luta da classe trabalhadora. 

Participaram como palestrantes na parte da manhã a professora e autora do livro “A feminização no mundo do trabalho”, Claudia Mazzei Nogueira; o professor e mestre da UFMA e do quilombo Raça e Classe, Roseverck Santos; o presidente da Parada Gay de SP, Ideraldo Beltrame  e o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ).

Os quatro convidados colocaram como ponto central do debate de opressões o entendimento de que precisamos conscientizar os trabalhadores da necessidade de lutar também contra o preconceito seja racial, de gênero ou de orientação sexual. E que esta é uma reflexão que os sindicatos e demais movimentos que compõem a nossa Central devem fazer.


LGBT - Jean Wyllys iniciou o debate ressaltando em sua fala a importância das organizações sindicais se posicionarem para além do conceito de classe. “Além de sermos condicionados como classe trabalhadora, nós também somos condicionados pelo nosso gênero, pela  nossa etnia e por nossa orientação sexual. Esse fato faz com que tenhamos que lutar também, não só pelos direitos trabalhistas, mas sim também, por nossos direitos enquanto homossexuais, mulheres e negros” , enfatizou.
 O deputado federal explicou para os presentes que a homossexualidade não é uma opção e sim uma orientação.  Wyllys detalhou em sua fala as diferenças entre o sexo biológico, identidade de gênero e orientação sexual.

O sexo biológico é aquele nos caracteriza em nosso nascimento como homens ou mulheres, muitos nascem com essa característica trocada. A identidade de gênero é como esses homens e mulheres e se reconhecem, às vezes essa identidade é diferente e não corresponde a maneira de como os indivíduos se percebem. Já a orientação sexual diz respeito à libido, afeto e ao desejo.

Todos esses conceitos podem ser diferentes do considerado normal pela sociedade, ou seja, segundo Wyllys, “tudo o que não é heterossexual é considerado anormal. Foi provado que a homossexualidade não é uma doença e devemos lutar contra esse conceito errado”, disse o deputado ressaltando também que há pouco tempo era negado às mulheres o direito de voto. “Cito esse exemplo para destacar que esses direitos nos são negados não somente porque somos trabalhadores ou pobres, mas também  nos são negado porque somos negros, mulheres, homossexuais”.

O convidado informou que nunca esteve ativo no movimento sindical, pois segundo ele este se fechava nas outras lutas, relacionadas às opressões.

Wyllys finalizou sua fala ressaltando que o movimento sindical tem que se abrir e perceber a relação das questões do mundo do trabalho com as opressões  “para que tenhamos um mundo  verdadeiramente democrático e plural”.

O espaço foi dado então ao presidente da parada Gay de São Paulo, Ideraldo Beltrame que iniciou sua fala abordando a  dificuldade de ser falar sobre  o tema LGBT. “O movimento  LGBT foi criado na esteira do movimento sindical, a nossa luta deve encampar a luta dos direitos humanos, mas que  também se caracterize na luta de classes”, disse.

Beltrame se utilizou da bandeira levantada pela CSP-Conlutas em sue discurso. “Se o Brasil cresceu cadê a nossa parcela, nossa autonomia. A luta dos LGBTs tem que ser incorporada pelos trabalhadores, não precisa ser mulher para defender o direito das mulheres, essa batalha é do dia a dia. Não tenham medo de dialogar sobre essa questão”,  ressaltou aos presentes que o interromperam com muitos aplausos.

O presidente da parada gay de São Paulo, disse que é preciso avançar nas lutas de trabalhadores e a questão LGBT deve sim entrar na pauta do movimento sindical.

Negros –  O professor e mestre da UFMA e do quilombo Raça e Classe, Roseverck Santos falou ao para um plenário atento sobre as questões relacionadas ao racismo.

Santos lembrou do  debate que ocorreu no dia anterior sobre  a conjuntura e a crise do capitalismo, relacionando esses fatos ao aumento do racismo, xenofobia, homofobia.  Citou o manifesto publicado pelo terrorista Norueguês, (autor de uma chacina ocorrida há algumas semanas na capital daquele país),  no qual ele faz uma critica ao Brasil e sua mistura étnica,  e que isso seria a causa do atraso no Brasil. “ Esse manifesto retrata o mestiço como um degenerado  e esta é a  expressão de um sistema que nos impõe esse conceito ideológico”.

Segundo o professor  “a história da classe trabalhadora precisa ser reescrita no Brasil, pois ela não começou com o trabalho assalariado e sim com a escravização dos povos africanos trazidos para o nosso país”.

Santos falou ainda que a sociedade percebe o mundo a partir do referencial europeu, branco cristão e patriarcal. “Nossa mentalidade permanece associada com esses conceitos impostos pela ideologia dominante. A partir disso, fora do debate das desigualdades, surgem  a questão do mérito e da capacidade , nosso fracasso  não seriam fruto  das desigualdades de gênero, ou seja, tudo é  jogado no plano individual. Esse é o  discurso da burguesia”.

O professor falou também que ninguém luta contra a exploração e opressão se não se reconhece oprimido. Santos terminou citando Marx: “o trabalhador não será livre na pele de  branco enquanto a pele negra for marcada com ferro quente”.

Mulheres - O debate seguiu e deu voz a professora Claudia Mazzei Nogueira para falar sobre as questões relacionadas com as mulheres. Um texto foi distribuído  com o título “A positividade e a negatividade das metamorfoses no mundo do trabalho para a mulher” . Claudia leu o conteúdo do documento para o plenário. Nele foram ressaltados diversos aspectos em que vivem as mulheres trabalhadoras. O documento informa sobre as diferenças salariais entre homens e mulheres, que aumentou de 50,2 para 51,7 % entre 1980 e 2008, enquanto a taxa de atividade da força de trabalho masculina caiu de 82,0 para 77,7 %. Mas esse fato não está relacionado com o aumento salarial das mulheres tanto é assim que as que tem nível  superior ainda ganham 30% menos que os homens.

O texto explicita como o capitalismo diz que cria condições para a emancipação feminina, mas na verdade acentua a exploração da mulher.  Isso ocorre porque, segundo o texto “ao estabelecer uma relação aparentemente ‘harmônica’ entre precarização e mulher, o capitalismo cria formas diferenciadas de extração do trabalho excedente”. Essas e outras questões de machismo e opressão foram levantadas durante a reflexão sobre o texto.

Para Claudia não dá para separar opressão de exploração e esta questão não pode ser limitada às mulheres.  “Não podemos fragmentar a luta com o discurso de que esse movimento é mais ou menos explorado do que o outro, a luta é uma só e é de classe, seja ela de gênero ou de qualquer forma”, argumenta. Confira aqui a íntegra do documento

O debate foi aberto ao plenário com as diversas intervenções dos presentes, que falaram sobre a importância da discussão e que esta deve ser trabalhada internamente e externamente. O preconceito também é reproduzido no dia a dos sindicatos e este fato tem que ser combatido para o avanço da luta contra o racismo, o machismo e a homofobia.

A travesti, Fernanda de Moraes,  chamou a atenção dos presentes para a causa dessas companheiras que são  invisíveis perante a sociedade.  “ Não temos espaço para trabalharmos, e só somos enxergadas como mulheres para sexo fácil, nós não somos homossexuais, ou seja não sofremos homofobia e sim a transfobia [discriminação contra as pessoas transexuais, travestis e transgêneros ] que é ainda mais cruel e violenta.  É preciso nos incluir nesta discussão” , desabafou.

Setoriais de Negros, Mulheres e LGBT- Na parte da tarde foi composta uma mesa com integrantes do Movimento Quilombo Raça e Classe e do Setorial de Negros e Negras, Julio Condaque,  pela integrante do Movimento Mulheres em Luta e do Setorial de Mulheres,  Janaina Rodrigues,  e pelo representante do setorial LGBT da CSP-Conlutas,  Douglas Borges.

A discussão teve como objetivo de materializar o debate em campanhas e iniciativas da Central para levar esta discussão às bases. 

A “exposição Raça e Classe no Brasil, Desafios para o movimento sindical”  foi abordada  por Julio Condaque que fez o resgate histórico da luta dos negros no Brasil, passando pela ideologia racista do século XIX até as atuais as diferenças existem entre os salários pagos aos negros e aos brancos.  Condaque sintetizou que “construir uma central como esse é construir um trabalho político contra essas diferenças”.

Falando sobre a questão das mulheres, Janaina Rodrigues discorreu sobre a concepção da luta feminista  que deve ser em  aliança com os trabalhadores e, segundo ela, essa batalha também é  contra o capitalismo. “Temos que lutar contra o machismo que é combinado com a exploração do trabalho. Temos que combater a violência doméstica, nessa sociedade que nos nega o direito de ser mãe, quando não nos dá condições de trabalho, não nos dá direito à licença a maternidade, e ao auxílio creche. Essa luta tem que ser cotidiana. Estamos em campanhas salariais e é importante incorporá-las ”, destacou.

Janaina finalizou dizendo  “nós não nascemos para produzir leite e lágrimas, o espaço das mulheres é um espaço também de lutas por uma sociedade melhor”.

Douglas Borges, se apresentou ao plenário e destacou  “as bandeiras dos movimentos que decoram a mesa,  representam a  prova de que a Central está  construindo algo novo ao travar esses debate sobre opressões.

Borges destacou a visibilidade que os homossexuais, e os casos de homofobia estão ganhando na mídia atualmente .

Destacando o aumento da violência aos homoxessuais ele disse: “O Brasil é um país  preconceituoso e violento. Além disso, existe  perseguição no local de trabalho, entre outros ataques”, disse enfatizando o recente caso da demissão de um funcionário em Caçapava (SP) por ser homossexual.

“Uma de nossa bandeiras centrais nesse momento é pela aprovação do projeto de lei que criminaliza a homofobia. Sabemos que isso não acabará com a violência, pois a lei Maria da penha não acabou com o machismo, mas é importante travarmos essa luta”, completou Borges.

Campanha sobre as opressões – Terminadas as falas da mesa, a discussão foi aberta para o plenário. A integrante da Secretaria Executiva da CSP-Conlutas e  do Movimento Mulheres em Luta, Ana Pagamunice, informou que o objetivo do debate era  trazer o aprofundamento sobre as questões relacionadas à opressão e da relação que esta tem  com a exploração. “Estamos apresentando uma proposta de campanha  ‘Chega de Preconceito, Trabalho Igual para Salário Igual’ unificada entre negros, mulheres e LGBTs, para serem levada aos locais de trabalho, buscando a união da luta sindical com a luta contra as opressões”.

Nas intervenções ficou explicita  a importância de se abordar esse tema  e levar essas questões para o dia a dia dos sindicatos e locais de trabalho. Para assim municiar as categorias em suas atividades  com o objetivo lutar  contra o machismo, o racismo e a homofobia com a consciência de que ainda há muito a se avançar e  nessa coordenação o primeiro passo foi dado.

 Do site da CSP-Conlutas: http://cspconlutas.org.br/2011/08/coordenacao-nacional-opressoes-e-sua-relacao-com-a-luta-dos-trabalhadores-sao-debatidos-no-segundo-dia/ 

terça-feira, 9 de agosto de 2011

O significado do Debate de Opressões na Reunião Nacional da CSP-CONLUTAS



Emocionante, educativo, instrutivo e muito mais... Estas são as conclusões de quem teve a oportunidade histórica de participar da reunião nacional da CSP-CONLUTAS em Minas Gerais, onde se debateu e apontou ações para o encaminhamento da luta contra todas as formas de racismo, machismo, homofobia e demais atos de discriminação e preconceito.
Todas as adjetivações acima citadas poderiam ser exemplificadas pelas palestras que ocorreram, pelas intervenções lúcidas e brilhantes de vários dirigentes sindicais e intelectuais orgânicos de nossa classe, como também pela disposição de todas e todos em participarem de um debate que durou um dia inteiro na mais alta qualidade. Poderiam, também, ser exemplificadas pelo simples fato da CSP-CONLUTAS dedicar-se a debater um tema que historicamente foi considerado secundário pelas demais centrais sindicais e organismos políticos de nossa classe, ou mesmo na acertada campanha “TRABALHO IGUAL, SALÁRIO IGUAL” que será desenvolvida pela central e demais sindicatos e movimentos filiados a ela. Mas não foi esses fatores – apesar de também sê-los – que tornou este encontro histórico e emocionante!
Uma das atitudes que mais chamaram a atenção foi a fala de muitos senhores sindicalistas – petroleiros, metalúrgicos, etc. – já aposentados que expressaram a singularidade do momento em que vivíamos e que era necessário rever nossas atitudes, nossos programas e nossas ações, afim de construirmos um novo referencial de movimento sindical em nosso país. Imagine a carga ideológica – racista, homofóbica e machista – que estes senhores foram vitimados ao longo de seu processo de militância sindical e experiência de vida e que naquele instante eles buscavam extirpar reivindicando o debate, a luta contra as formas de opressão da sociedade brasileira e exigindo a melhoria de nossos programas de luta. Expressaram a necessidade de voltar para seus Estados e suas categorias e iniciar um trabalho de base visando modificar a mentalidade dos demais companheiros. Por si só estes acontecimentos já teriam tornado este encontro vencedor! Mas, teve muito mais.
A CSP-CONLUTAS reforçou a necessidade da aliança inquebrável da luta contra a exploração e opressão de forma conjunta, unitária e central. Expressou a vontade de todas as entidades filiadas em – urgentemente – empreender ações concretas na defesa da classe trabalhadora em suas múltiplas diversidades reconhecendo que a classe trabalhadora tem cor, gênero e orientação sexual, portanto, vítima também de uma série de mecanismos alienadores e opressores os quais devemos destruir.
A CSP-CONLUTAS reforçou a tese de que a luta contra o racismo, a homofobia e o machismo deve ser travada nos marcos da sociedade capitalista de forma intransigente e sem recuos, mas tendo a certeza de que a solidariedade de classe e com os demais povos do mundo, bem como a transformação da sociedade e construção do socialismo é o primeiro passo fundamental na destruição integral das formas de exploração e opressão que atingem a classe trabalhadora.
Enfim – apenas como um passo pequeno, mas fundamental – a CSP-CONLUTAS construiu mais um capítulo de sua história marcada por ousadia, inovação, democracia e verdadeira disposição em destruir a sociedade capitalista construindo um mundo onde qualquer forma de hierarquia e desigualdades sejam eliminadas, materializando as palavras do grande Solano Trindade que por meio de um poema singelo expressa o que a CSP-CONLUTAS quer edificar:
 
Rosenverck E. Santos
Coordenador do Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe – MA


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Nota da CSP-Conlutas/MA em apoio aos companheiros Diogo Cabral e Inaldo Serejo


A Central Sindical e Popular CSP-CONLUTAS MA solidariza-se com os companheiros Diogo Cabral, advogado militante e membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB, e o coordenador da CPT, Padre Inaldo Serejo, que, quando acompanhavam os representantes dos trabalhadores rurais do quilombo Salgado (Pirapemas/MA), foram ameaçados de morte pelo latifundiário Edmilson Pontes, no município de Cantanhede/MA.

Conforme informações do advogado Diogo Cabral, a comunidade é perseguida desde 1981. No ano passado ingressaram com um processo de reintegração de posse contra os fazendeiros que praticaram vários atos contra os trabalhadores como destruição de roças, matança de animais, proibição de acessos às fontes de água e ameaças de morte aos trabalhadores. A justiça reconheceu a manutenção de posse dos quilombolas, mas os fazendeiros continuaram a perseguir e ameaçar os trabalhadores.

Infelizmente com a mudança do juiz da Comarca, os fazendeiros entraram com uma ação de reintegração de posse e de forma bem célere a justiça concedeu a posse aos fazendeiros em 24 minutos. O advogado Diogo Cabral entrou com um agravo e conseguiu suspender a decisão e na audiência preliminar aconteceu a ameaça por parte do fazendeiro.

Esta prática demonstra a situação dramática que vive as comunidades quilombolas e trabalhadores do campo no Maranhão na luta contra o latifúndio e o agronegócio, onde são vítimas de ameaças, violência, assassinatos e desapropriação de terras por parte do pdoer judiciário.

Repudiamos a atitude do fazendeiro Edmilson Pontes e a reintegração de posse aos fazendeiros concedida pelo Juiz da Comarca e exigimos providências por parte da Secretaria de Segurança e do Poder Judiciário do  Estado do Maranhão.