quarta-feira, 12 de setembro de 2012


QUILOMBOLAS RETOMAM TERRITÓRIO
Escrito por Administrator
Seg, 10 de Setembro de 2012 23:38 -
O dia 09 de setembro de 2012 marcará um novo ciclo de luta dos quilombolas do Maranhão. Antes dos primeiros raios do sol, os quilombolas do Charco, no município de São Vicente Ferrer (MA), apoiados por quilombolas de outros quilombos do Maranhão retomaram as terras ocupadas por seus antepassados até os dias atuais. O território onde nossos antepassados africanos foram escravizados, onde formaram quilombo
– o quilombo do Charco – e de onde foram expulsos para as margens da estrada foi finalmente retomada e a terra escravizada pelo latifúndio alcançou o sonho de liberdade. Dona Antônia Silva, uma das matriarcas do quilombo, viu o sonho da terra liberta se tornar realidade. Há alguns anos, por ocasião da cobrança do foro, ela disse ao latifundiário que a ameaçava de  expulsão da terra: “só saio da terra onde nasci, cresci, onde nasceram e cresceram meus filhos e filhas morta e arrastada”. A retomada do nosso território se dá depois de um longo processo de luta. Em 2006, um funcionário do INCRA fraudou o laudo de vistoria do imóvel, impedindo a sua desapropriação. 1 / 3

QUILOMBOLAS RETOMAM TERRITÓRIO
Escrito por Administrator
Seg, 10 de Setembro de 2012 23:38 -
Em 30 de outubro de 2010, segundo denúncia do Ministério Público Estadual, Flaviano Pinto Neto, liderança do quilombo, foi assassinado brutalmente com 07 tiros de pistola, todos na cabeça. Numa trama assassina comandada pelos latifundiários - Manoel de Jesus Martins Gomes e Antonio Martins Gomes, com participação de mais 02 pessoas – intermediário e executor dos disparos. O governo federal, através do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, até o presente momento não cumpriu o acordo firmado judicialmente: a Demarcação e Titulação do Território do Quilombo Charco. A OMISSÃO do Estado Brasileiro coloca as famílias em situação de insegurança alimentar e de moradia numa clara violação de Direitos Fundamentais garantidos na Constituição Federal e em Tratados Internacionais, por exemplo, a Convenção 169 /OIT, dos quais o Brasil é signatário. A RETOMADA dos Territórios longe de ser uma afronta a princípios legais é, na verdade, uma Salvaguarda de Cláusulas Pétreas de nossa Constituição Federal e da Memória dos Povos. Por isso os quilombolas seguirão a LUTA EM DEFESA DE SEUS DIREITOS derrubando as cercas que escravizam a terra e os seus filhos e filhas e, ao mesmo tempo, exigindo que o Estado Brasileiro cumpra o que determina o artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias: "Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos ".
Em respeito à Memória dos Ancestrais, do Martírio de Flaviano Pinto Neto e em respeito às gerações futuras aos quais pertence a TERRA, os quilombolas tomarão posse definitiva da terra que lhes pertence. Como cantou o salmista: Ele viverá feliz, sua descendência possuirá a terra (SL 25,13)
Quilombo Charco-Juçaral – São Vivente Ferrer (MA), setembro 2012.
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QUILOMBOLAS RETOMAM TERRITÓRIO
Escrito por Administrator
Seg, 10 de Setembro de 2012 23:38 -FONTE: JORNAL VIAS DE FATO
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terça-feira, 4 de setembro de 2012

ATO CONTRA O RACISMO E A VIOLÊNCIA POLICIAL



Na última quinta feira - dia 30 de agosto, fomos surpreendidos com mais uma cena de racismo praticada pela policia militar contra militantes do movimento negro em São Luís. Desta vez a vitima foi Reginaldo Neves, membro da organização de Hip Hop- Quilombo Urbano e também do Grupo de Rap Dialeto Preto, que foi brutalmente espancado pela polícia ao interceder junto a uma senhora vendedora ambulante que estava sendo agredida por policiais da blitz urbana.
A ação da polícia deixou a vítima com escoriações pelo corpo e seus trajes foram totalmente rasgados. Fatos como este lembram as seções de açoites praticadas pelos capitães do mato durante a escravidão e as torturas do regime militar, que em tempos de sociedade democráticas são inadmissíveis. Contudo, a democracia para negros e negras no Brasil é uma falácia, fica apenas no discurso, pois vivenciamos cotidianamente as práticas de racismo, seja pela falta de políticas públicas que assegurem os direitos básicos como educação, saúde, moradia e transporte digno, seja pela violência repressiva e institucionalizada, através de agressões físicas cometida por policiais, encarceramento, extermínio da juventude negra e ocupações militares dos bairros pobres.
Informamos que do ponto de vista jurídico foi feito boletim de ocorrência e outros procedimentos como exame de corpo delito e abertura de processo de racismo e abuso de autoridade. Precisamos também responder coletivamente, pois já tivemos casos emblemáticos de intolerância extrema e racismo exacerbado como o de Gerô e Negro Léo, que tiveram suas vidas ceifadas.
Neste sentido, realizaremos na próxima quarta-feira 5 de setembro um ATO DE PROTESTO CONTRA O RACISMO e VIOLÊNCIA POLICIAL para denunciar este e outros casos. Concentração às 16h na Praça Deodoro- Centro.
 
 
Basta de violência e racismo!
                                     Pelo fim do genocídio da juventude negra!