sexta-feira, 21 de junho de 2013

O lugar da periferia na nova conjuntura política que se abre no país.



As consequências são ainda imensuráveis. O sudeste do país em convulsão social, os trabalhadores e a juventude aos milhares dão as mãos nas ruas. O aumento das passagens de ônibus foi apenas o estopim que fez explodir o tampão que comprimia as lutas socais em nosso país há mais ou menos duas décadas.
Não tenho os dados, mas arriscaria dizer que esse processo em seu final terá como resultado não somente a redução do preço das passagens de ônibus, mas a diminuição dos conflitos intra periféricos  o arrefecimento da guerra interna entre a juventude das periferias dos grandes centros urbanos. Toda a energia outrora descarregada em uma guerra autofágica ganha vazão nas ruas, na multidão pacifica, mas enfurecida contra o Estado-classe e isso pode se espalhar por todo o país.
 A burguesia ver sua força espiritual questionada em multidões. Um dos seus principais materiais ideológicos, sua mídia comercial, está tendo sua autoridade moral abalada. E agora como defender a repressão se os seus jornalistas também estão na mira do “fogo amigo” do braço de ferro que tanto defendem? Jornalistas reacionários como Luiz Datena e Arnaldo Jabor esgotaram seus repertórios criminalizadores. O último teve que fazer autocrítica pública por ter afirmado que os atos de São Paulo eram coisas de jovens de classe média da USP.
 A juventude periferia sai do noticiário policial para entrar no noticiário político, ainda que enfrentando a mesma polícia que os reprimem cotidianamente, já que os direitos humanos não entram nessas localidades. Aliás, onde o PT diz que existe uma classe média emergente, há na verdade o aprofundamento da barbárie capitalista e nela a juventude negra é esvaziada da condição de ser humano. Em Alagoas a possibilidade de um jovem negro ser assassinado é mil vezes maior do que um jovem branco. A função do mito da democracia racial é invisibilizar esse etnocídio.  Mas, tal como no Brasil colonial, a humanidade desses jovens é resgatada na rebelião contra o sistema que os colocou nessa situação limite. De bandidos de alta periculosidade viraram baderneiros. Já é algum avanço.
A classe média que não pega ônibus se solidariza com a luta. Trabalhadores formais e informais se veem simplesmente como trabalhadores. O universo letrado e o plebeu das grandes metrópoles estabelecem entre si uma relação de confiança. É dessa solidariedade que a periferia precisa, aquela forjada na luta e não no assistencialismo do Terceiro Setor que educa o povo a não lutar. Nessas lutas, a periferia pode aprender que transformar o lixo da burguesia em luxo é ilusório, socializar o luxo é mais que necessário.  
O inimigo de classe está ficando mais visível, já não precisamos de lupa para enxergá-los. Não tenho dúvidas que novas lideranças, novas canções e novas consciências serão forjadas nessas lutas. Sinto que uma nova situação política pode nascer na periferia, desde que haja intervenção qualificada para isso. As condições estão dadas para que a periferia possa definitivamente encontrar o seu lugar, o da luta política pela superação do capitalismo.

Hertz Dias- Militante do PSTU e do Quilombo Urbano

quarta-feira, 6 de março de 2013

8 de Março: dia Internacional da Mulher Trabalhadora


O Dia 8 de Março se aproxima, nós trabalhadoras (os) temos como dever preservar esta data como um marco histórico do calendário de lutas de nossa classe. Há várias versões sobre a origem desta data, uma delas e a mais comum é a alusão a 129 operárias que morreram queimadas em Nova York em 1857 por reivindicarem melhores condições de trabalho.

Outra é que as operárias têxteis na Rússia no 8 de março (23 de fevereiro no calendário russo) revoltadas com a I Guerra mundial,  quando tiveram seus filhos e maridos assassinados iniciaram uma greve, que transformou-se em greve geral e mais tarde consolidou-se na Revolução Russa de 1917.
Estes episódios controversos tem em comum a luta das mulheres por melhores condições de vida, e em 1910 na II Conferência de Mulheres Socialistas, organizada pela II Internacional, foi criado o dia Internacional de Lutas das Mulheres para denunciar as extensivas jornadas, bem com as condições de trabalho, baixos salários e falta de direitos trabalhistas.

Neste sentido, ao contrário do que a burguesia e sua propaganda midiática apregoa, esta data deve ser celebrada com atos, debates e manifestações, sobretudo para denunciar a todos os tipos de opressão e violência que as mulheres estão submetidas.
A opressão da mulher tem aumentado e a sua face mais brutal tem sido a violência, chegando no Brasil  a triste estatística de a cada 2 horas uma mulher é assassinada. As estatísticas tem se ampliado em outros casos de estupros, agressões físicas, ameaças de morte, assédio moral e sexual, demonstrando a ineficácia da Lei Maria da Penha em 7 anos de sua existência.

Outra situação de violência é a ameaça de retirada de direitos, através do Acordo Coletivo Especial- ACE, proposto pelo governo Dilma para regulamentação de negociação entre patrões e sindicatos, permitindo acordos rebaixados e retirada de poucos direitos que as trabalhadoras ainda tem como férias, 13º salário, horas extras remuneradas, etc..Estes situações atingem, sobretudo, as mulheres pobres e negras, vitimadas todos os dias pelo capitalismo, que não tem criado nenhum instrumento eficaz para protegê-las. 

Neste sentido proteger as mulheres contra o machismo e o capitalismo deve ser uma tarefa de nossa classe de todos os trabalhadores nos sindicatos, movimentos populares, movimento de mulheres e de combate às opressões, partidos da classe trabalhadora, etc.
Desta forma, nós que construímos a Central Sindical e Popular- CONLUTAS juntamente com o Movimento Mulheres em Luta convidamos a todas (os) a participarem da Semana da Mulher Trabalhadora com a seguinte programação:

06 de Março: Debate Chega de Violência contra a Mulheres pela aplicação e ampliação da Lei Maria da Penha
8 de Março: Ato público A Situação da Mulher Trabalhadora- concentração às 15h na Praça Deodoro
09 de Março: Feijoada da Mulher trabalhadora- a partir das 12 h na Sede Social dos Bancários



terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Quilombo Raça e Classe lança cartilha no Dia Internacional de Luta Contra o Racismo


O Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe fará o lançamento da Cartilha sobre o tema racial, no dia Internacional de Luta Contra o Racismo, celebrado em 21 de março.

Como parte das atividades para o dia, o Movimento Quilombo Raça e Classe irá realizar diversas atividades com debates e atos cujos temas centrais serão a violência e as remoções ocasionadas pelos megaeventos. Essas atividades serão feitas conjuntamente com o lançamento da Cartilha do movimento.

A Cartilha também será vendida  na Reunião da Coordenação Nacional realizada de 22 a 24 de fevereiro em São Paulo. O custo da unidade é de R$5.

O material está disponível para encomenda e compra pelo contato:
 quilomboracaeclasse.nacional@gmail.com
Telefone: 21-86493543
Rádio: 23*93574

Quilombo Raça e Classe integra atividades para o Dia Internacional de Luta da Mulher

Além do lançamento da Cartilha, o Quilombo Raça e Classe, no Dia Nacional de Lutas das Mulheres, 8 de março, irá se integrar as atividades do Movimento Mulheres em Luta. O Quilombo Raça e Classe fortalecerá e aprofundará o debate da condição das mulheres negras na sociedade.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Mais um ato contra o racismo na UFMA


Na tarde de ontem 06 de fevereiro foi realizado um ato de protesto contra a atitude discriminatória do diretor e do coordenador de ensino do Colégio de Aplicação da UFMA- COLUN, denunciados por estudantes do curso de Artes Visuais da UFMA e também bolsistas que desenvolvem projetos de pesquisa do PIBID intitulado Arte Afro-brasileira. Estiveram presentes: DCE-UFMA, ANEL, Quilombo Raça e Classe, PSTU, Quilombo Urbano, APRUMA, CSP- CONLUTAS, alunos do PIBID, NEAB e outros.

Segundo os estudantes, o projeto estava sendo desenvolvido acerca de quatro meses na escola e no último dia 28 de janeiro foram surpreendidas pelos dois profissionais da educação com pergunta do tipo: O que tanto faziam na escola. A resposta imediata foi que ensinam arte, porém a atitude do coordenador, sem pedi licença alguma e com total tom de ridicularização foi pegar e sacudir os cabelos de uma das estudante- aWgerlice Martins- negra de cabelo black power e perguntou-lhe: “ E isto é arte?”.Diante disto, as alunas que se sentiram ofendidas, ridicularizadas em suas características, traços físicos, estéticos e também desrespeitadas em sua profissão, procuraram o DCE da UFMA e entidades do Movimento Negro para denunciar o fato ocorrido.


 

Para algumas pessoas não se trata de racismo, preconceito ou discriminação. Alguns que inclusive conhecem os docentes afirmam que se trata de um mal entendido e que apenas houve uma brincadeira por parte dos professores. Ora, o racismo é uma ideologia desenvolvida no século XVII, no qual as características raciais e culturais são utilizadas como forma de colocar em desvantagens um grupo sobre outro, foi isso que aconteceu no período colonial no Brasil, conhecido como mercantilismo- negros e negras foram arrancados da África, tranformados em "peças" fundamentais para a acumulação primitiva de Capital, foram coisificados durante quase quatrocentos anos de escravidão e até hoje resquícios da fatídica história permanece na mentalidade de muitas pessoas, a ponto de considerar fatos como estes naturais ou de não reconhecer as práticas preconceituosas e discriminatórias, que às vezes ocorrem de forma sutil, através de piadas, brincadeiras, chacotas.

Estas manifestações agem também de forma violenta- serve para negar a identidade negra, destruir os valores culturais, históricos e físicos. A pretensão é destruir autoestima dos negros (as), deixando suas vítimas inseguras, retraídas, sem capacidade de qualquer reação. A finalidade é dominar corpo e mente para que enfim possam dominá-los na totalidade.

No campo das relações de dominação as ideologias tem sido forte armas para dominar. No Brasil o mito da democracia racial combinado com a ideologia da miscigenação foram utilizados para negar a identidade negra, pois se não nos reconhecemos como negros, bem como acreditamos que não há racismo no país, fica difícil de lutar contra algo que não exista. Quando surgem fatos como estes as pessoas manipuladas por tais ideologias acreditam ser pura invenção, é algo para chamar atenção.  Por isso o movimento negro tem uma especificidade que é ajudar na conscientização e construção de identidades, além de unificar negros e não- negros no combate a opressão. Esta é a nosso ver uma posição política- estar ao lado de um setor significativo da sociedade que historicamente vive em situações mais vulneráveis, de empobrecimento e opressão.
Desta forma, o Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe, assim como as demais entidades presentes no ato se solidariza a estudante de Artes e Visuais  da UFMA- a Wgerlice Martins e a todas as vítimas de opressão.  Queremos tornar público que não seremos mais tolerantes com práticas como estas, visto que na UFMA casos como estes são recorrentes, a exemplo do estudante Nigeriano- do curso de Engenharia Química, Nuhu Ayuba que em 2011 foi perseguido, humilhado pelo professor José Cloves Saraiva no Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas da UFMA. Naquele momento, o professor em várias situações, proferiu palavras ofensivas e estereotipadas do tipo: “tirou uma péssima nota”, “é um péssimo aluno”, “deveria voltar a África e clarear a sua cor”, “somos de mundo diferentes, aqui diferente da África, somos civilizados” e perguntou também “com quantas onças já brigou na África”. Ainda não sentido satisfeito negou-se a corrigir o trabalho do aluno, limitando-se a escrever “está tudo errado”. Neste caso específico o professor está em pleno exercício de suas funções, nenhuma sanção foi registrada contra ele.

Vários estudantes têm denunciado as práticas racistas de professores de muitos cursos, que inconformados com as políticas de ações afirmativas- cotas estão sendo vitimas de humilhados e constrangidos em sua dignidade humana- são desqualificados em seus desempenhos, nas suas características e traços étnicos.  Estes fatos são repugnantes devem ser combatidos.
                        Não seja tolerante com tais ações, denuncie, Basta de racismo!